domingo, 19 de junho de 2016

Transplante de menina / Parecida, mas diferente

O material de apoio oferecido pela organização da Olimpíada de Língua Portuguesa conta com um CD-ROM que, além de textos de referência, apresenta uma sequência didática para trabalho com os gêneros. Há vídeos, jogos e versões em áudio de diversos textos. Optei por utilizar o CD como material de apoio, aproveitando seus recursos, porém, adaptei algumas propostas aos meus objetivos e criei atividades específicas.

Os alunos exploraram os textos "Transplante de menina", de Tatiana Belinky e "Parecida, mas diferente", de Zélia Gattai.

Num primeiro momento, apresentei aos alunos somente o áudio do texto "Transplante de menina". Em seguida, eles leram e ouviram, simultaneamente, a narrativa de Zélia Gattai. Observei que houve maior "tensão" quando entraram em contato com o segundo texto. O trecho a seguir foi ouvido/lido atentamente pelos alunos:

"Notificados, certa vez, de que deviam reunir-se, à hora do almoço, para não perder tempo de trabalho, junto a uma frondosa árvore, ao chegar ao local marcado para o encontro os colonos se depararam com um quadro deprimente: um trabalhador negro amarrado à árvore. A princípio, Eugênio Da Col não entendeu nada do que estava acontecendo, nem do que ia acontecer, até divisar o capataz que vinha se chegando, chicote na mão. Seria possível, uma coisa daquelas? Tinham sido convocados, então, para assistir ao espancamento do homem? Não houve explicações. Para quê? Estava claro: os novatos deviam aprender como se comportar; quem não andasse na linha, não obedecesse cegamente ao capataz, receberia a mesma recompensa que o negro ia receber. Um exemplo para não ser esquecido.
O negro amarrado, suando, esperava a punição que não devia tardar; todos o fitavam, calados.
De repente, o capataz levantou o braço, a larga tira de couro no ar, pronta para o castigo. Então era aquilo mesmo? Revoltado, cego de indignação, o jovem colono Eugênio Da Col não resistiu; não seria ele quem presenciaria impassível ato tão covarde e selvagem."
(Gattai, Zélia. Anarquistas, graças a Deus. Rio de Janeiro: Record, 1986) 

Depois, fizemos análises de aspectos dos dois textos, comparando-os e montando uma tabela com os dados em questão. A seguir, algumas respostas apresentadas pelos alunos:

2 comentários:

  1. Bastante interessante, Claudia! Também tenho trabalhado as oficinas da Olimpíada de Língua Portuguesa. Em relação ao gênero Memórias Literárias, iniciei a sensibilização com o curta "Dona Cristina perdeu a memória". Em seguida, iniciamos a leitura da coletânea de textos. Na sequência, exibi o longa "O ano em que meus pais saíram de férias" que traz o contexto histórico da década de 1970 (Ditadura Militar/ Copa do Mundo / Imigrantes em SP), além de ilustrar algumas brincadeiras e os meios de comunicação da época.Então, os alunos foram incentivados a colocarem-se no lugar do protagonista Mauro, atualmente com 58 anos (e 12 anos em 1970) e narrarem suas memórias. Agora, na fase final das oficinas, após as entrevistas com idosos do bairro, os alunos estão sendo incentivados à leitura dos livros de Origenes Lessa, "Memórias De Um Fusca" e "Memórias de um Cabo de Vassoura" para observarem a beleza estética da linguagem literária, já que notei que começaram a resgatar as memórias de maneira muito automática, sempre igual e sem emoção.

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    1. Muito interessante o percurso sugerido, Carol! Vou aproveitar algumas dicas!

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